quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Vanessa Fernandes "Tenho a mania de ser perfeita"


O ano de 2008 foi bastante especial para Vanessa Fernandes. Ganhou a prata em Pequim, mas somou outros triunfos importantes, como o pentacampeonato europeu, ou o mundial de duatlo. Todavia, e só não surpreende a quem a conhece, considera que podia ter feito mais. "Não diria que foi a minha melhor época. Foi diferente. Tive de aprender a controlar muita coisa e superar fases menos boas", afirma a O JOGO.
Para a triatleta do Benfica, a pressão dos bons resultados foi uma constante. "Há situações em que me passo completamente, pois há muita coisa à nossa volta e muita gente a acreditar em nós de uma maneira… Sinto que posso desiludir as pessoas, se não me correr bem. Tenho sempre de tirar esses pensamentos da cabeça. Este ano, pela primeira vez, tive de aprender a controlar-me para não estar só focalizada nas provas", esclareceu. Sendo exigente, Vanessa considera que qualquer atleta deve saber dominar-se para ter sucesso. E foi esse domínio que a levou a superar momentos como o décimo lugar no Campeonato do Mundo. Nesse dia, recebeu mais felicitações do que a vencedora. "Toda a gente pensava que ia desistir. Ficaram admiradíssimos por ter concluído a prova. Os treinadores disseram-me que dei uma grande lição a todos os atletas. Senti-me uma referência, mesmo com o décimo lugar", contou.
Esse dia no Canadá foi, no entanto, bastante diferente. Quando Vanessa compete, é sempre para ganhar. "Desde pequenina que tenho este espírito de conquista. A minha vontade era fazer sempre tudo perfeito, não só no desporto como também na escola. Irritava-me com coisas estúpidas, porque tinha a mania de ser perfeita ao máximo", revela. "Fui sempre assim desde miúda, até comigo competia. E a treinar tinha de cumprir tudo à risca. Enquanto outros cortavam na piscina, por exemplo, eu tinha sempre de fazer tudo até ao fim. E era complicado ficar satisfeita com o que fazia…", confessou.
Actualmente, é uma estrela. Vanessa não gosta de todo o "movimento" em seu torno, mas reconhece que o mediatismo tem aspectos positivos. "É giro ver-me quase como um ídolo para algumas pessoas, ver como uma coisa pequenina e totalmente desconhecida, como era o triatlo, mudou. Dá para brincar com a situação, mas nunca pensei chegar onde estou neste momento", concluiu.
"Dá-me gozo coleccionar medalhas"
Garra, determinação e ambição são palavras que assentam na perfeição a Vanessa Fernandes e explicam que vá sempre para ganhar. Por isso, as conquistas aparecem de modo natural. Na sua casa, em Perosinho, os troféus acumulam-se e coabitam com os do pai, Venceslau Fernandes. "Tenho todas as medalhas, desde que andava na natação do Espinho e no atletismo do FC Porto. E no triatlo tenho tudo lá exposto. É mesmo muita coisa", destaca. "E dá-me gozo coleccionar medalhas. As pessoas ficam impressionadas por ver uma casa cheia de taças e acaba por ser giro haver um grau de comparação entre mim e o meu pai", frisa a jovem, que ainda não tem uma vitrina de troféus - não quer - embora reconheça que isso vai acontecer mais cedo ou mais tarde... "Será giro. As minhas medalhas e taças ao menos estão mais limpinhas que as do meu pai, que já precisam de uma lavagem", atira, bem humorada. O que não significa haver "competição" entre pai e filha. "Admiro muito o meu pai e acho que em comparação com ele, não sou nada".
Modéstia a mais? Ela explica. "Ele na altura tinha de trabalhar durante a noite para sustentar a família e depois tinha de treinar para ter dinheiro para ele próprio, isto já de madrugada. Onde é que eu fazia aquilo? Tudo o que tenho conseguido, faço com que seja o prémio que o meu pai merece. É que se calhar, durante a carreira dele, não teve o que queria, não ganhou um Campeonato do Mundo por exemplo, porque na época não dava. Não podia ter a preparação que queria", justifica.http://www.ojogo.pt/index.asp

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